Libero as idéias
enquanto eu, aqui,
gastando o mar
vejo a hora passar.
As ondas batem nas pedras
e o silêncio desaparece.

O tempo passa e eu,
aqui, gastando o mar
escuto o canto de Janaína,
Inaê, Iemanjá.
Ela canta pra mim,
encanta, quebranta.

O vento vagueia moribundo,
e eu, aqui, gastando o mar.
Mortejo, soluço.
Peço para não lembrar,
mas só o pedido
me faz não esquecer.

Pés flutuantes na areia
e eu, aqui, dessa vez,
de costas pro mar.
Ele me abraça, me chama,
me arrasta.
Pelas idéias, pelo encanto,
pelo esquecimento,
estamos em tempo de
equívocos e desentendimentos
e repudiando-nos, amamo-nos.




3 comentários para maricota:

ManinhaChica disse...

sempre que entro te vejo de braços abertos.

sempre o mar.
o mar berço de todos nós.
oxalá e iemanja, casados dando brilho a sua poesia.

o encanto é todo meu.
de ver sentir o cheiro de mar nas suas palavras.
encanto é meu de ver minha irmã transformando sua vida nas belas paisagens generosas que vimos na poesia.
iii, não tem.
agora que começou nem o mar pode apagar.
é dom florescendo
é nosso, mana!

beijos com sal do choro da cor de Frida Kahlo.

Eleonora Marino Duarte disse...

eu comecei a escrever quando fiz um verso no cartão do dia dos pais (o meu na época, já era morto) a pedido da professora. toda a turma deveria fazer um poema, era para acompanhar o presente. eu não gostava do dia dos pais por razões óbvias e pensava em como não ofender minha mãe com um cartão onde houvesse qualquer sintoma de dor ou falta. pensei e escrevi um verso para ela. então posso dizer que comecei a escrever pela necessidade de fazer alguém feliz. e assim é até hoje.
durante a vida recebi muitos incentivos. e muitos “desincentivos”. algum momento eu achei que seria escritora, outro momento eu achei que não seria nada. a vida vai levando nossas embarcações e muitas coisas acontecem entre você e o seu sonho. hoje escrevo porque respiro pelos dedos. boa ou ruim, minha poesia sou eu. identidade necessária para eu não asfixiar.
quando percebo sua leitura lá, sinto o tanto de mim que paira em outro tempo e outro espaço. é uma vaidade para mim ter você como leitora.
quando percebo sua poesia aqui, sinto o tanto de mim que não vingou, não resistiu e morreu. é uma temeridade imaginar que a vida possa levar-te, Maricota para outras idéias e afastar você do verso. acho que este é o maior motivo, no fundo, no fundo para que eu venha sempre te olhar de perto: a resistência do poema!

Joice Marino disse...

Ah, amorezinhas minhas. As tres...
Eu aqui de longe vendo o amor que se juntou aqui. Reunião de yabás poderosas, reunião de afetos finos.
De repente minha vida se torna imprtante, sou vaidosa de ter sido ponte dessas mulheres que amo.
Sim, isso é uma auto-exposição-pública de amor! =)

 
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