E daí?

O Barulho da rói o rosto dos homens. Se agora esclareço tudo, por dentro enegreço.

E de que adianta falar isso? Eu quero é comer, não interessa o quê! Eu quero aquele cactos, aquele chão rachado. Quero comer os miolos daqueles mendigos rotos e negros como a noite- eu como a noite- catando os cigarros jogados por alguém. Alguém? Não existe alguém. As grades separam os “alguéns” a todo instante. Não se preocupe com o ser: tudo é repetição!

Mas não, não falarei mais deles! Ah, sim...o sarcasmo dela e ironia ridícula do azerbaidjano cairiam bem, mas não, não “subiram bem cérebro acima” . Regurgitei, sendo o recém-nascido que sou agora. Indigestão!

Quero voltar pelos bigodes de Hitler e arrancar-lhe o seu nacionalismo exacerbado e jogar na fuça desses que estão do meu lado: virem-se!

Não pensa, Mayra, não pensa! Tira esse fone do ouvido e risque. Esqueça o barulho das moedas nas mãos da loura de óculos, blusa listrada de vermelho e branco e alça jeans. Pare de encará-la. Outra indigestão! (Não esqueça de esquecer, esquecer de raciocinar).

O velho banguela mastigando gilete, ou a cela? Isso, a cela! Aquela cela em que meu imaginário viu secarem meus músculo, de tantas lágrimas: preta, com apenas uma tomada quebrada, emaranhados de fios por todos os lados , rabiscos enormes nas suas paredes escuras, os mais bizarros, os inimagináveis! Mas não quero reavivá-la na minha mente. Na verdade, eu não quero nada. Não quero abrir, não quero fechar, não quero esquentar, não quero esfriar. Não olhar, nem quero terminar este texto. Isso, isso mesmo, não quero terminar, e daí?

Boa digestão!
 
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