Libero as idéias
enquanto eu, aqui,
gastando o mar
vejo a hora passar.
As ondas batem nas pedras
e o silêncio desaparece.

O tempo passa e eu,
aqui, gastando o mar
escuto o canto de Janaína,
Inaê, Iemanjá.
Ela canta pra mim,
encanta, quebranta.

O vento vagueia moribundo,
e eu, aqui, gastando o mar.
Mortejo, soluço.
Peço para não lembrar,
mas só o pedido
me faz não esquecer.

Pés flutuantes na areia
e eu, aqui, dessa vez,
de costas pro mar.
Ele me abraça, me chama,
me arrasta.
Pelas idéias, pelo encanto,
pelo esquecimento,
estamos em tempo de
equívocos e desentendimentos
e repudiando-nos, amamo-nos.




 
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